terça-feira, 18 de junho de 2013

Minha amiga soul(in)down

Minha amiga solidão
O asilo fim da alma
Meu exílio recorrente
Chão do qual sou pertencente
E habito ao visitar.

Minha amiga solidão
Melodia e som das ondas
Quando trazem só a si
Voltam, levam areia e só
Semifusa em sol menor
Embalando o sofrimento
Quando o vento assovia
Diminuta melodia.

Minha amiga solidão
Sombra fria do sorriso
Ermo, íntimo aprisco
Pele, áspera espera
Velejando à luz de vela
Mastro de retalho e pluma
Das asas de uma quimera.

Minha amiga solidão
Tens meu ego contrafeito
Ao regalo da saudade
À deriva, sem alento
Leito lento do tormento
Alimento da tristura
Das pétalas da amargura
Da oitava primavera.

Minha amiga solidão
Uma estrada de mão una
Que a saudade corre nua
Contra o tempo se acentua
Só as sombras se refletem
Fracionadas em migalhas
Espalhadas pela rua.

Minha amiga solidão
Névoa espessa dissipada
Despertando em alvorada
Bem vestida de chegada
Quando finda o sentimento
De um resguardo compulsório
Sustentado no vazio
Fixado no horizonte
Na aurora da retina.

Conta-gotas de arco-íris
Remédio de estimação
Retroage em quinzenas
Dores da sina passada
Sua demora desvelada
No intervalo do piscar
Retornando ao meu lugar
Por estradas curvilíneas
Sustentadas nos lamentos
De uma sala de estar.