segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Pensamentos da madrugada

Estrelas caem quando a órbita do vácuo se torna mais densa
A maioria das mulheres não fala o que pensa
Músicas tocam em qualquer lugar
O hipocondríaco preza por sua doença
Tardes são tão quentes quanto manhãs de sol
A busca está em procurar
O lenço é descendente do lençol
E as estrelas que caem, caem no mar
os peixes são fisgados pelo anzol
Os feixes são o desfecho do facho sem fetiche
Canhões não funcionam com bolas de boliche
No que se existe, tanto se insiste
O zero é nada, nem ímpar, porém pré-par
Preparado ao som de tamborim
Lapidado à forma de marfim
Máfia de guaxinim
Mascarados. Ingênuos delinquentes
Em alguns peixes faltam os dentes
Pessoas se igualam a serpentes
Entre entes e parentes
É alguém de repente
As estrelas acompanham a lua
A madrugada é fria e nua
Me deito enquanto na cama quente
E a noite, as estrelas e a madrugada
Passeiam pela rua

Querência

Eu quero a certeza em meio à falta
Eu quero o longe demais pra sentir
Eu quero o tanto o bastante pra ir e vir
Eu quero um montante constante e rir
Eu quero a constância via láctea
Eu quero a sopa das cordilheiras
Eu quero a dança das ondas
Eu quero o zero e um mil
Eu quero o silêncio anestésico
Eu quero o atraso vil
Eu quero o saber descuidado
Eu quero um rascunho borrado
Eu quero um simples bocado
Eu quero a metafísica vinil
Eu quero a fala certeira
Eu quero o som das cachoeiras
Eu quero o medo de ter
Eu quero sempre querer.

Mera quimera

Quisera eu sempre errante
Éramos, dínamos e pássaros
Atordoante baluarte semibreve
Ou meramente conformante
Amante do protagonismo tácito
Obstante ao cerne flácido
Na escala lítio-oxidante
Fragmentos gigantescos de um remorso
A quem deve
Leve-me leve em mi.
Agudo na constante de um troço
Blefando a iminência de um troco
Ora, eminente moço!
Alto falante quão auto-sonante
Qual a tromba d’um elefante
Escorregante e lúbrico caroço

Sânscrito em braile

Trecho ilegível de uma literatura esquecida
É tudo que deixamos, mesmo sem querer
Apostos antes da última aurora
Decorrentes ante outrora
Carregamos o abstivo emanente
De uma mente repulsiva
Atrativa e coletiva
Embora não retifica nem corrobora
A existência única
De uma cínica sina
Natural e clínica
É tudo o que deixamos, mesmo sem saber
Impostos à primeira impressão
Dispostos a qualquer expressão
Calados
Cercados
Selados
Ferramentas arcaicas de velhos soldados

Superlativamente esporádico

Hermeneuticamente vazio. Voluptuosamente esguio
Acefalicamente pensante. Terminantemente frio

Honrosamente desprezível. Horariamente acessível
Fugazmente alarmante. Perfidamente aprazível

Trucidamente aplausível. Errantemente corrigível
Vaidosamente acatado. Fabulosamente horrível

Tardiamente amável. Ateiamente louvável
Ardentemente atestado. Indiscutivelmente lavável

Estaticamente volátil. Repulsivamente amigável
Piamente absoluto. Notoriamente arbitrário

Inconstantemente estável. Nocivamente afável
Ludicamente ostentante. Primordialmente findável.